quarta-feira, 7 de abril de 2010

Final Fantasy VI Review

Se lembra daquela pergunta: “Escolha um game para levar a uma ilha deserta” ? Pois bem, o numero de games da série principal de Final Fantasy aumentou tanto que hoje você poderia fazer esta pergunta completamente baseada na série, e mesmo assim ainda seria algo difícil de responder.


Pois bem, no meu caso eu levaria o sexto. É algo incrível como a então Squaresoft conseguiu a proeza de fazer esta pequena obra de arte, e mais ainda como ela consegue ficar cada vez melhor com o tempo.


A série é conhecida por usar de uma tela inicial bem simples e enxuta, com apenas o New Game e Load game. É exatamente isto que você recebe, e logo depois de apertar em New Game a mágica começa. A estória começa explicando os acontecimentos da famosa War of Magi, e logo depois cria todo um mistério sobre Terra, a personagem principal. Logo de cara você já se torna envolvido e curioso pela a trama, mas antes é preciso ver os créditos rolarem. Sim, exatamente como no cinema os créditos são exibidos no início do jogo, quando Terra e os outros dois soldados que a acompanham traçam seu caminho a Narshe, primeira cidade do game. Tudo é bem cinematográfico e envolvente.


Logo depois você é apresentado a menus simples e comandos intuitivos e funcionais. Existe uma casa em Narshe com NPCs que explicam o sistema de jogo e mostram as diversas opções disponíveis. No geral o game é muito impressionante e mostra o caminho certo para você começar, ao contrário de muitos RPGs mais complicados da época.


Final Fantasy é um série que respira estória e design de jogo profundo. A estória coloca o jogador para controlar os Returners, uma organização secreta que está juntando forças com aventureiros para lutar contra o império do Gestahl, que aparentemente tem o interesse de repetir mais uma War of Magi. Terra, que consegue se livrar das garras do império, eventualmente se une aos Returners, embora não tenha noção nem de quem seja. O que a torna tão especial é a capacidade um tanto inumana de conseguir usar Magia.


A estória geral do game é envolvente e se desenvolve muito bem, porém o que brilha mesmo são as estórias de cada personagem em particular. É incrível como cada um das 14 personagens tem uma tocante estória para ser contada, e é mais incrível ainda como isso emociona o jogador. O game tem tanto o que mostrar que o seu final consiste de 20 minutos. Isso mesmo, 20 minutos. Até Kefka, o inimigo principal, se torna um personágem envolvente e extremamente carismático. Você vai rir com ele, e vai ter muita raiva também. No geral espere chorar, rir e ficar tenso com a estória do game.


O sexto Final Fantasy jogou fora algumas coisas antes utilizadas na série, como os Chocobos de cores diferentes e o sistema de Jobs, mas em vez disto deu a possibilidade do jogador utilizar todos as suas personagens a hora que bem entender. Cada um dos Returners tem habilidades especiais, como Locke que pode roubar, Sabin que pode utilizar golpes chamados Blitz e Terra que pode se transformar em sua forma Esper para se tornar mais poderosa. Todas as habilidades são interessantes e sua importância depende do estilo de jogo que você vá ter.


A magia no game é aprendida usando um sistema muito simples que consiste em equipar Espers, que depois de algumas batalhas ensinaram à personagem a determinada magia. O legal desde sistema é que, independente da classe das personagens, todas podem aprender qualquer magia no game. Fora isto ainda tem 2 relíquias que dão habilidades diversas a cada um dos Returners e equipamentos comuns, como escudos e espadas.


O game possui um mapa extenso (que, graças a Deus, possui um mini mapa no canto da tela para você saber onde está) com localidades extremamente variadas, desde savanas até desertos. Mais tarde no game é até possível adquirir a já famosa Airwing para tornar a locomoção mais rápida. Os inimigos são bem variados também, possuindo fraquezas que obrigam o jogador a estudá-los melhor. O game é bem desafiante, embora não exagere como as versões anteriores, o que torna tudo ainda mais agradável. Se bem que eu prevejo muitos jogadores mais novos e impacientes largando o game assim que chegarem em um chefe mais difícil.


No geral, para um RPG, tudo é muito variado. Só o fato de você ter 14 personagens com estilos de jogo diferente já mostra isto, mas o game usa de certos artifícios para tornar as coisas mais interessantes. Tem uma hora na estória que é preciso dividir seu grupo em dois e trabalhar os dois grupos separadamente para completar desafios e reuní-los novamente. Existe outra que é preciso usar dois grupos ao mesmo tempo para abrir caminho em uma caverna. E a mais impressionante é a cena da Opera, no qual você deve decorar um texto e encená-lo ao vivo. Para a jogabilidade da série, a Squaresoft soube utilizar muito bem sistemas paralelos (como os comandos estilo Street Fighter de Sabin). Então não espere passar o tempo todo em combates chatos e monótonos, embora eles sejam parte fundamental do Design.


Como estamos falando de um RPG, espere pela simplicidade. A não ser os golpes Blitz de Sabin, tudo aqui é baseado em menus e no mapa das cidades e geral. Não há muito o que falar de uma jogabilidade baseada em 2 botões, a não ser que ela é praticamente sem falhas, e tudo é o mais intuitivo possível.


Aqui é onde o game arranca suspiros. No passado cada game de Final Fantasy as personagens possuíam dois modelos de Sprite: Um pequeno e simples para o mundo no geral, e outro maior e bem detalhado para a batalha. Nos modelos de 8 bits estes Sprites possuíam apenas quatro quadros de animação, e nas outras aventuras 16 bits eles possuíam pouco mais de 10. Em Final Fantasy VI o modelo de alta resolução, antes destinado apenas as batalhas, é utilizado no game inteiro, e este modelo único possui mais de 40 quadros de animação, e mais que o quádruplo de cores em sua paleta se comparado com games anteriores.


A princípio, lendo o parágrafo acima, isso pode ser impressionante, e de certa forma é. Mas o que impressiona mesmo é a animação destes pequenos Sprites. Para muitos um game 2D é algo ultrapassado, para outros eles não são capazes de passar uma sensação cinematográfica ou passar uma estória comovente. Bem amigos, sinto dizer que este não é o caso de Final Fantasy VI, e de certa forma com muitos outros games 2D em geral. Toda vez que eu jogo este jogo eu fico de boca aberta como foi possível fazer com que um pequeno Sprite de 24 pixels de altura pudesse ser tão expressivo. Eles fazem de tudo: Choram, riem, piscam, fazem gestos de “não” com o dedo, se jogam pelo cenário... É tudo impressionante. E isto não se resume apenas ao mapa, a tela de batalha ganhou um tom bem cinematográfico, onde muito da estória de desenrola.


Mas não é só nisso que o game brilha. Yoshitaka Amano fez um ótimo trabalho desenhando os personágens, extremamente únicos e bonitos, para este game. Com exceção dos NPCs, nada passa a idéia de genérico ou repetido. Todos os inúmeros inimigos tem traços bem distintos e tudo é muito bem pensado. Não é a toa que muitos fans emolduram as artes da série na parede. É realmente feito para se apreciar.


Tecnicamente falando a Square soube capitalizar no potencial máximo do Super Nintendo: Cenas computadorizadas (embora um tanto pixealizadas), extensivo e inteligente uso do Mode 7, Sprites que abusam das cores do sistema, transformação e giro de planícies... Todo o Hardware do sistema é puxado ao máximo, e com muita inteligência.


Deixando Claro: Esta é a melhor trilha sonora já feita por Nobuo Uematsu, ponto. As musicas são envolventes, passam medo quando é para passar, alegria quando é necessário e senso de apocalipse quando o mesmo acontece. Qualquer pessoa que jogue este jogo tem que ter pelo menos uma musica de sua trilha sonora na playlist diária, e Dancing Mad é absolutamente o One Winged Angel que as pessoas ainda não escutaram. E e nem preciso falar novamente da Opera não é?


No geral um timido mas interessante uso de vozes e efeitos sonoros digitalizados dão um certo charme, sem precisar parecer ridículo para isto.


A princípio você vai demorar umas 50 horas para terminar o game. Se você for um jogador iniciantes, espere demora umas 10 horas a mais. Existe muito conteúdo extra no game, aproveitá-lo só depende do jogador.


No final é como um livro misturado com vinho. Você pode ler o quanto quiser, e fica cada vez melhor com o tempo.


*Review feito com a versão de GBA


Apresentação: 100

Design: 95

Visual: 100

Som: 100

Duração: 90


Final: 98

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